Com o Super-Filho

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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Recordações de Abrantes- Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes

(aqui, um pouco inchada e marcada da radioterapia)

Uma amiga da minha filhota, mandou-me um mail, cujo endereço descobriu através do blog. Pedi-lhe autorização e transcrevo algumas partes (OBRIGADA):

(a Lília pediu-me para colocar esta música; nesse tempo, passavam a vida a cantá-la)
http://br.youtube.com/watch?v=u0B-hJ_gotc

"Encontrei o seu blog e, tenho que confessar que só agora tomei consciência que a Margarette partiu mesmo..
Jamais esquecerei o primeiro dia em q a vi ( no liceu ).. Tinha 14/15 anos.. Era linda.. aqueles olhos rasgados.. o que a distinguia de todos os outros era a forma de vestir… Infelizmente ainda somos avaliados pelo que vestimos e não pela pessoa que somos.
Muitos riam, muitos gozavam mas, a Margarette nunca baixou os braços, seguia sempre com a cabeça erguida! Essa era a qualidade que mais admirava nela! A capacidade de ser ela própria sem se importar com o que os outros pensavam. Nunca tive consciência que isto pudesse acontecer apesar da doença… não à Margarette.. a minha melhor e mais verdadeira amiga.. "

......

"Em anexo estão duas fotos, as quais achei que gostaria de ver.. a primeira foi tirada na ultima vez que a vi.. não sei precisar mas penso q foi no inicio do ano passado.. Ela veio passar a tarde comigo e, deu-me a noticia q há muito esperava ouvir.. disse-me: "Lília já não estou doente.. deixei de tomar a medicação, afinal não tinha aquela doença que me roubou anos… Estou a trabalhar, estou bem"… Fiquei tão feliz por ela.. Nunca imaginei que seria a ultima vez q estava a abraçar.. Mas, hoje ao olhar para trás, tenho a sensação que ela o sabia… Trazia na mala uma folha com msg trocadas entre nos em algumas aulas.. coisas banais mas q nos faziam voltar ao que nos costumávamos chamar "os melhores tempos das nossas vidas".. Passámos uma tarde muito agradável a relembrar os velhos tempos.."

Jornal Primeira Linha, 19 de Março de 1997

Reportagem sobre a banda da qual a Margaret fazia parte. Apenas com 14 anos, tocava baixo na banda, tendo actuado em vários locais, incluindo as Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem em Constância.

Para lá deste estilo de música (que eu detestava) de influência punk-rock, a Margaret tocava trompete na Banda Filarmónica do Entroncamento, desde os 8 ou 9 anos de idade.
Tocava piano desde os 5/6 anos, na Escola de Música do Entroncamento.
Flauta transversal e de bisel no Grupo Coral de Constância.
Violino a partir dos 14.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Dia Internacional da Luta contra o CANCRO



Não sei até que ponto se pode lutar quando este "bichinho" resolve vencer. Não sei quais as probabilidades de vencer ou ser vencido. Até porque já não quero saber das probabilidades para nada. Apenas sei que lhe devemos declarar "guerra". Lutar sempre, ainda que seja uma luta desigual.
Não pergunta de quem é a "casa". Não pergunta se pode entrar. Não pergunta se pode ficar. Parece-me que escolhe ao acaso sem olhar a nada nem a ninguém. Pode ser meu hóspede. Teu hóspede. Nosso hóspede.
Odeio-o.
Quem alojou este "diabinho" transmitiu-me a mensagem da não desistência. Da esperança. Da coragem. Do sorriso.

Não esqueçamos esta luta. Sobretudo por aqueles que não podem ser esquecidos; os nossos entes queridos, os nossos amigos, os nossos vizinhos, os nossos colegas de trabalho e aqueles que não conhecemos...
Há muitos nomes que lhe podemos chamar, mas se dissermos cancro, sentimos todo o mesmo calafrio...
Hoje, por mim, amanhã por ti...há dias que têm que ser assinalados...
Hoje, coloco de novo um rosto muito amado (como serão os outros filhos, os pais, os tios...) para que possam olhar os olhos de quem nunca os fechou na luta contra o cancro...até ao fim.



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Soneto para a Margaret






Alma Minha Gentil que te partiste


Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.




Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.



E se vires que pode merecer-te

Algua cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,


Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.


(de Luís de Camões)



quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Margot, minha estrelinha azul


Faz hoje 5 meses que a minha filha partiu. 153 dias. 3672 horas. Uma eternidade.

Estas são as palavras com que inicei um pequeno livrinho que relata um pouco da sua passagem na vida...




Era o ocaso do dia 31 de Agosto do ano de dois mil e sete.
O céu azul, salpicado de castelos brancos de nuvens, tomava uma tonalidade púrpura, assinalando o entardecer. O astro-rei descia no horizonte. Um chilrear ensurdecer de pardais, recolhendo aos plátanos que os protegiam da noite, fazia-se ouvir. Parecia que o tempo tinha parado, mas a nota alegre dos pequenos pássaros, abrigando-se na ramagem das árvores, contrastava com o silêncio amargo que entre o grupo de familiares e amigos se tinha instalado.
Era o ocaso de mais um dia estival. Tinha sido o ocaso da tua vida.
Neste entardecer, despojaste-te do teu corpo e partiste. Ele ficou, imóvel, indefeso, sem vida. O corpo de uma jovem mulher, com ar de menina, que a todos tinha encantado. Os seus olhos maravilhosos estavam fechados, porém, contemplavam já, o que transcende o olhar humano.
Esta é a tua história. Uma história de vida, de uma vida que não cabe em palavras. Esta é a história da vida de uma estrelinha que passou na terra e deixou um rasto de luz. Esta é parte da vida de uma jovem, a quem tive o privilégio de chamar filha.
Com amor,
mãe


NATÁLIA CORREIA - Creio nos Anjos
Creio nos anjos que andam pelo mundo,

Creio na deusa com olhos de diamantes,

Creio em amores lunares com piano ao fundo,

Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,


Creio num engenho que falta mais fecundo

De harmonizar as partes dissonantes,

Creio que tudo é eterno num segundo,

Creio num céu futuro que houve dantes,


Creio nos deuses de um astral mais puro,

Na flor humilde que se encosta ao muro

Creio na carne que enfeitiça o além,


Creio no incrível, nas coisas assombrosas,

Na ocupação do mundo pelas rosas,

Creio que o amor tem asas de ouro. Ámen

Palavras escritas (em elaboração)

  • Sem Rumo Certo (romance)